Uma espécie de saudade antecipada, o aperto no peito e a quase falta de ar.
Malas feitas.
Parece-me que toda a minha vida está ali à minha frente, cabendo em duas malas de viagem, um caixote e oito caixas de sapatos.
Lá fora, chove. De mansinho, vou à varanda e, ignorando os pingos gelados sobre o vestido e os ombros nus, fecho os olhos e rendo-me aos sentidos. O som das gotas geladas, como as que me molham, a cair sobre os montes e as árvores atrás da minha casa. O cheiro da terra molhada e o cheiro do ar fresco.
Ironia.
Mais um ciclo que se renova à minha frente.
...
Olho mais uma vez para as minhas malas. Desta vez, as malas não são só as minhas. As tuas, não as vejo, mas imagino-as e pesam-me nos braços também.
A saudade aperta-me o coração e leva-me o ar.
Agora, chove cá dentro. Tento ignorar os pingos mornos sobre o peito e fecho a porta aos sentidos, ao sabor salgado, ao som da porta de madeira que se fecha.
Abre-se a porta do elevador. Mais um ciclo.
Olho para as malas e depois para a porta fechada.
Relembro as boas memórias, as más também, em segundos, vejo o filme da minha vida.
Olho para as malas e não consigo evitar sorrir. A minha vida não vai dentro daqueles caixotes.
Finalmente, consigo fechar a porta do elevador
Em especial para a Mon., porque há coisas que não se conseguem dizer quando a vontade de dizer idiotices fala bem mais alto.
Eu sei que é um até logo mas, no entretanto, vou ter saudades tuas.
2 comentários:
So sweet, so sad...
Tinha saudades de ler textos teus assim
Ethel!!
1- estás viva, mulher?
2- eu ainda escrevo muitos mas gosto de manter a maioria privados = )
Anónimo
Desculpe, andamos na escola juntos?
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